Não que o tédio dominasse aquela sala, mais a noite parecia convidativa aos olhos de quem a observava pela janela no 14° andar, talvez fossem as luzes da cidade, ou então o clima que nem tendia para o calor nem para o frio, estava fresco lá fora, a janela estava fechada mais parecia que se podia sentir o vento, o barulho dos carros, havia perdido a hora, havia perdido o juízo, a cidade era bandida pela noite ladra, roubava bens, amores e sonhos.
- Coloque sua melhor roupa, vamos pra uma balada chamada noite.
- Mais está tão tarde!
- Você sabe como é, a vida chama e não podemos ficar aqui parados, três, quatro, cinco da madrugada não importa, tem vida lá fora, tem vida aqui dentro.
- Também tem vida aqui dentro, mais tenho juízo
- Juízo? Ora essa, logo você que sempre fez o que quis, gritou quando queria gritar. Vamos lá é só um tour pela cidade não vamos pular de nenhuma ponte.
- Sabe, eu já pulei.
- Como?
- Pulando, como as pessoas pulam.
- Você não tem juízo
- Aprendi a ter, acho que chove.
- Por isso não quer ir?
- Não!
- Então me diga, não há de temer a chuva e só agua.
- A mesma agua das lágrimas.
- Não há razão para chorar
- Não há razão para molhar
- Mais não está chovendo ainda, e você sabe eu levo meu casaco... te empresto assim que as primeiras gotas derem sinal
- Não!
- Podemos só caminhar, ver a lua, as estrelas
- Vai ficar nublado
- Podemos sentir o vento
- Estará frio
- Deixe-se convencer, não quero ir só, mais não quero perder a noite.
- Farei um café
- Não!
- É pra mim
- Pois, faça chá
- De maça?
- Gosto de erva mate.
- Farei café.
- Com bolachas?
- Não, está tarde.
- Mais.. e que pensei
Ligou-se a cafeteira, a agua esquentava e nesse momento a chuva batia no vidro sujo da janela, mais a noite para quem a observava antes apenas se tornou mais atraente, não aguentou esperar o café, pegou as bolachas
- Aonde vai?
- Tomar um banho.
- Não vá.
- É só um banho de chuva
- É que...
- Você vai?
- Não
- Porque?
- Não quero me molhar
- Não quer mudar de ideia?
Já colocando o café na taça - não que fosse refinada mais e que já estava suja sobre e mesa com o resto de vinho que havia tomado venho o telejornal - queria poder explicar porque não queria ir ver a noite, mais é que sempre mantinha uma postura tão forte que por mais que quisesse não poderia expressar o que sentia, queria abraçar e dizer loucamente, "Fique" "Durma comigo" "Eu te amo" mais tudo o que saiu foi...
- Volte logo
E lá se foi uma sonhadora, tomar seu banho de chuva, era jovem demais pra entender, mais naquela noite de todas as coisas que poderiam ter salvo a sua vida nada foi dito, ela queria apenas sair pela noite, enquanto sua melhor amiga - que mal sabia ela que a amava - queria apenas passar o resto da noite a seu lado, e apenas isso, ter-la só para si e não dividi-la com ninguém nem com as estrelas, nem com a lua,nem com a noite, noite bandida, ladra de bens, sonhos e amores e naquela noite ladra de vidas. Ela não queria se molhar não de chuva, mais se talvez não fosse tão rígida e durona e tivesse dito o que queria talvez naquela noite não teria se molhado de lágrimas.
Parabens Rái, adorei o conto !
ResponderExcluir- Podemos só caminhar, ver a lua, as estrelas
ResponderExcluir- Vai ficar nublado
- Podemos sentir o vento
- Estará frio
- Deixe-se convencer, não quero ir só, mais não quero perder a noite.
liiiiiiiindo demais amor.