sábado, 16 de janeiro de 2010

Por um Mundo Mais Feliz.


Por um mundo mais feliz, onde as pessoas poderiam viver em paz, sem censuras que oprimem e esmagam suas opiniões, onde um sorriso seria como um abraço acolhedor e não mais como apenas um truque de cinismo, onde haveria total liberdade de escolha e com mais pessoas falando o que pensam e expondo suas idéias geraria uma maior socialização formando grupos cada vez mais fortes e unidos.

Um mundo onde a diversidade seria essencial, não haveria motivo para as pessoas se esconderem, pois haveria respeito, as pessoas seriam capaz de perdoar. Neste mundo mais feliz, o certo, o doce, o pecado e o errado seriam palavras... apenas palavras,não haveria necessidade de julgar, amariam ... sabendo o que isso realmente significa.

Um mundo onde a beleza não seria apenas admirada mais também preservada, onde o azul seria mais azul, o verde mais verde, o vermelho mais vermelho - e tudo isso sem a necessidade de êxctase ou outras drogas sintéticas -. Onde aventuras seriam mais inesquecíveis, desejos mais intensos, verdades mais sinceras, pessoas mais coesas.

Um mundo onde as pessoas acordariam com sua musica preferida . (Espera,vai começar a tocar minha música preferida e não tem como mandar SMS com a bebida na mão)
Um mundo de Arte, cores, texuras, sabores.

Festas? porque não? um mundo feliz como diria o Black Eyed Peas com Party everyday, p - p - p - party everyday.

Um mundo mais feliz.

Utopia?

Por um mundo mais gay 2

Fazendo a linha “Por um mundo mais gay” , duas listas , a primeira com 20 melhores filmes que abordam a temática da homossexualidade , mais uma dica do blog, e a segunda lista com 10 músicas pop internacionais que poderam te ajudar e sair do armário. (pra você, bicha-depressiva-enrustida, soltar a franga e mandar a sociedade moralista judaica-cristã pra p**a que pariu.)
Passa o óleo e acredita mona.

Lista 1 - Filmes



1. "O segredo de Brokeback Mountain" (2005), de Ang Lee - US$ 83 milhões
2. "Bruno" (2009), de Larry Charles - US$ 60 milhões
3. "As horas" (2002), de Stephen Daldry - US$ 41 milhões
4. "Monster - Desejo assassino" (2003), de Patty Jenkins - US$ 34 milhões
5. "Milk - A voz da igualdade" (2008), de Gus Van Sant - US$ 32 milhões
6. "Rent - Os boêmios" (2005), de Chris Columbus - US$ 29 milhões
7. "Capote" (2005), de Bennett Miller - US$ 29 milhões
8. "Frida" (2002), de Julie Taymor - US$ 26 milhões
9. "Longe do paraíso" (2002), de Todd Haynes - US$ 16 milhões
10. "Sobrou pra você" (2000), de John Schlesinger - US$ 15 milhões
11. "E sua mã também" (2002), de Alfonso Cuarón - US$ 14 milhões
12. "Kinsey - Vamos falar de sexo" (2004), de Bill Condon - US$ 10 milhões
13. "Transamerica" (2005), de Duncan Tucker - US$ 9 milhões
14. "Até o fim" (2001), de David Siegel - US$ 9 milhões
15. "Aconteceu em Woodstock" (2009), de Ang Lee - US$ 7,5 milhões
16. "Cidade dos sonhos" (2001), de David Lynch - US$ 7 milhões
17. "Beijando Jessica Stein" (2001), de Charles Herman-Wurmfeld - US$ 7 milhões
18. "O closet" (2001), de Francis Veber - US$ 6,5 milhões
19. "Regras da atração"(2002), de Roger Avary - US$ 6,5 milhões
20. "Mambo italiano" (2003), de Émile Gaudreault - US$ 6 milhões

Dica do blog: Oraçoes para Bobby

Lista 2 - Músicas para se libertar






10. COME ON OVER BABY -CHRISTINA AGUILERA
A música é animada. O clipe é colorido. A cantora é ninguém mais que Christina Aguilera. Agora some uma letra que diz “I’m not just talking about your sexuality” e pimba, se jogue!

09. LOVERBOY - MARIAH CAREY
Você tá aí, tendo que entrar no chat Uol pra fazer pegação, arrumando namorada e indo à igreja pra ninguém desconfiar de nadinha? Que isso, se deixe levar por essa música (que não foi um hit, mas sim um fracasso que nem você, seu enrustido) e arrume já seu loverboy. Suba num carro e coloque sua bota cano longo, pois a coisa tá começando agora…

08. HUSH HUSH - PUSSYCAT DOLLS
Você lamenta a situação, mas não consegue mudar. O que fazer? Não fique mais nenhum momento assim, ora. Seja feliz, não precise dos julgamentos de ninguém e mande a trupi conservadora ficar quietinha. A versão de “Hush Hush” lançada como single ainda traz samples de “I Will Survive”. Precisa de mais?!

07. I KISSED A GIRL - KATY PERRY
Essa é só para as nossas amiguinhas lésbicas. Ou não, bobinho! Basta trocar girl por boy ou dizer “I kissed a girl and I DIDN’T like it”….

06. SHINY HAPPY PEOPLE - R.E.M.
Preste atenção à letra quando ela diz “shiny happy people holding hands, shiny happy people laughing” e reflita.

05. LOOK AT ME - GERI HALLIWELL
Se você tinha idade suficiente pra amarrar o tênis na época das Spice Girls, com certeza sabe quem é Geri Halliwell. Sua primeira música solo, “Look At Me”, é um monte de frases desconexas (que nem deve estar sua cabeça) mas que fazem todo sentido quando chega a parte “old feeling, new beginning”.

04. I WANNA DANCE WITH SOMEBODY - WHITNEY HOUSTON
Olha, uma dica valiosa: Pra sair bem do armário, tem que gostar de divas americanas. E esqueça Barbra Streisand caso você tenha menos de 80 anos. E diva maior que Whitney Houston há poucas, ainda mais com cabelão cafona e louca pra dançar com alguém.

03. DON’T STOP ME NOW -QUEEN
Faça ao pé-da-letra o que essa música manda. Solte seu lado Freddie Mercury e sinta-se a verdadeira rainha de seu reino. Porém, tenha um pingo de inteligência e use camisinha, se não a maldita vai te deter. Estamos claros?!

02. OUTSIDE - GEORGE MICHAEL
Veja o vídeo e acompanhe a letra. Não precisa falar mais nada.

01. EXPRESS YOURSELF -MADONNA
A maioria das músicas da Madonna poderiam lhe ajudar nesse processo de aceitação. Mas é impossível negar que “Express Yourself” é um bocado mais especial, principalmente pela parte “what you need is a big strong hand, to lift you to your higher ground, make you feel like a queen on a throne”. Animou?!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Por Um Mundo Mais Gay...


Mais Glamrock, cores, festas, purpurina, classe, ALEGRIA ... As vezes eu queria que o mundo fosse um pouco mais gay, onde todos os lugares e todas as festas poderiam ter mais gente dando aloka, se soltando, gritando, batendo cabelo, dançando ao melhor estilo pop, colorindo o espaço, sendo mais feliz, onde um pouco de make up e uma boa montagem de look deixassem as pessoas mais bonitas, e o som alto fizessem as pessoas vibrarem mais com mais pensamento e mensagens positivas, e que durante a noite uma dança louca com uma espécie de frenesi dominasse a nação.


Um mundo sem preconceito, onde os olhos fechados não impediriam a mente de estar aberta, onde o amor e o respeito predominasse, onde as pessoas pudessem se aceitar e assim aceitar o mundo e fazer o possível (juntas) por um mundo melhor, mais vivo, onde as pessoas iluminariam as ruas escuras com glitter, e coloririam o begê de neon, onde teriam classe em todos os lugares e capacidade de discutir sobre tudo não só sobre carros, mulheres, futebol e cerveja.

Um mundo onde o jornalista seria o novo ditador, o cabeleireiro o novo analista, o estilista o novo conselheiro, Um mundo onde não iria faltar um espelho sequer para deixar as pessoas prontas pra novos trabalhos e novas jornadas.

Um mundo onde as pessoas seriam mais blasé, e não haveria espanto a reações inusitadas, onde as pessoas haveria menos poluição (só a do laque que aumentaria)onde as pessoas seriam mais altas no alto do salto, um mundo onde não haveria ruas e avenidas e sim passarelas e corredores de moda.

Um mundo de respeito e igualdade, sem machismo e preconceito e as mulheres mais femininas não tentariam ser melhores que os homens porque seriam todos iguais, onde as pessoas poderiam Amar, ser livre, viver sua vida.

Um mundo de passeatas coloridas, mensagens de superação, um mundo de revistas interessantes e sem fronteiras, um mundo de diversidade, um mundo de dignidade
Um mundo mais GAY.

domingo, 3 de janeiro de 2010

O dia que Júpiter encontrou Saturno

Foi a primeira pessoa que viu quando entrou. Tão bonito que ela baixou os olhos, sem querer querendo que ele também a tivesse visto. Deram-lhe um copo de plástico com vodka, gelo e uma casquinha de limão. Ela triturou a casquinha entre os dentes, mexendo o gelo com a ponta do indicador, sem beber. Com a movimentação dos outros, levantando o tempo todo para dançar rocks barulhentos ou afundar nos quartos onde rolavam carreiras e baseados, devagarinho conquistou uma cadeira de junco junto a janela. A noite clara lá fora estendida sobre Henrique Schaumann, a avenida poncho & conga, riu sozinha. Ria sozinha quase o tempo todo, uma moça magra querendo controlar a própria loucura, discretamente infeliz. Molhou os lábios na vodka tomando coragem de olhar para ele, um moço queimado de sol e calças brancas com a barra descosturada. Baixou outra vez os olhos, embora morena também, e suspirou soltando os ombros, coluna amoldando-se ao junco da cadeira. Só porque era sábado e não ficaria, desta vez não, parada entre o som, a televisão e o livro, atenta ao telefone silencioso. Sorriu olhando em volta, muito bem, parabéns, aqui estamos.

Não que estivesse triste, só não sentia mais nada.

Levemente, para não chamar atenção de ninguém, girou o busto sobre a cintura, apoiando o cotovelo direito sobre o peitoril da janela. Debruçou o rosto na palma da mão, os cabelos lisos caíram sobre o rosto. para afastá-los, ela levantou a cabeça, e então viu o céu tão claro que não era o céu normal de Sampa, com uma lua quase cheia e Júpiter e Saturno muito próximos. Vista assim parecia não uma moça vivendo, mas pintada em aquarela, estatizada feito estivesse muito calma, e até estava, só não sentia mais nada, fazia tempo. Quem sabe porque não evidenciava nenhum risco parada assim, meio remota, o moço das calças brancas veio se aproximando sem que ela percebesse.

Parado ao lado dela, vistos de dentro, os dois pintados em aquarela - mas vistos de fora, das janelas dos carros procurando bares na avenida, sombras chinesas recortadas contra a luz vermelha.

E de repente o rock barulhento parou e a voz de John Lennon cantou every dau, every way is getting better and better. Na cabeça dela soaram cinco tiros. Os olhos subitamente endurecidos da moça voltaram-se para dentro, esbarrando nos olhos subitamente endurecidos dos moço. As memórias que cada um guardava, e eram tantas, transpareceram tão nitidamente nos olhos que ela imediatamente entendeu quando ele a tocou no ombro.

-Você gosta de estrelas?
-Gosto. Você também?
-Também. Você está olhando a lua?
-Quase cheia. Em Virgem.
-Amanhã faz conjunção com Júpiter.
-Com Saturno também.
-Isso é bom?
-Eu não sei. Deve ser.
-É sim. Bom encontrar você.
-Também acho.

(Silêncio)

-Você gosta de Júpiter?
-Gosto. Na verdade "desejaria viver em Júpiter onde as almas são puras e a transa é outra".
-Que é isso?
-Um poema de um menino que vai morrer.
-Como é que você sabe?
-Em fevereiro, ele vai se matar em fevereiro.

(Silêncio)

-Você tem um cigarro?
-Estou tentando parar de fumar.
-Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
-Você tem uma coisa nas mãos agora.
-Eu?
-Eu.

(Silêncio)

-Como é que você sabe?
-O quê?
-Que o menino vai se matar.
-Sei de muitas coisas. Algumas nem aconteceram ainda.
-Eu não sei nada.
-Te ensino a saber, não a sentir. Não sinto nada, já faz tempo.
-Eu só sinto, mas não sei o que sinto. Quando sei, não compreendo.
-Ninguém compreende.
-Às vezes sim. Eu te ensino.
-Difícil, morri em dezembro. Com cinco tiros nas costas. Você também.
-Também, depois saí do corpo. Você já saiu do corpo?

(Silêncio)

-Você tomou alguma coisa?
-O quê?
-Cocaína, morfina, codeína, mescalina, heroína, estenamina, psilocibina, metedrina.
-Não tomei nada. Não tomo mais nada.
-Nem eu. Já tomei tudo.
-Tudo?
-Cogumelos têm parte com o diabo.
-O ópio aperfeiçoa o real
-Agora quero ficar limpa. De corpo, de alma. Não quero sair do corpo.

(Silêncio)

-Acho que estou voltando. Usava saias coloridas, flores nos cabelos.
-Minha trança chegava até a cintura. As pulseiras cobriam os braços.
-Alguma coisa se perdeu.
-Onde fomos? Onde ficamos?
-Alguma coisa se encontrou.
-E aqueles guizos?
-E aquelas fitas?
-O sol já foi embora.
-A estrada escureceu.
-Mas navegamos.
-Sim. Onde está o Norte?
-Localiza o Cruzeiro do Sul. Depois caminha na direção oposta.

(Silêncio)

-Você é de Virgem?
-Sou. E você, de Capricórnio?
-Sou. Eu sabia.
-Eu sabia também.
-Combinamos: terra.
-Sim. Combinamos.

(Silêncio)

-Amanhã vou embora para Paris.
-Amanhã vou embora para Natal.
-Eu te mando um cartão de lá.
-Eu te mando um cartão de lá.
-No meu cartão vai ter uma pedra suspensa sobre o mar.
-No meu não vai ter pedra, só mar. E uma palmeira debruçada.

(Silêncio)

-Vou tomar chá de ayahuasca e ver você egípcia. Parada do meu lado, olhando de perfil.
-Vou tomar chá de datura e ver você tuaregue. Perdido no deserto, ofuscado pelo sol.
-Vamos nos ver?
-No teu chá. No meu chá.

(Silêncio)

-Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando em dormir com você.
-Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
-Vou te escrever carta e não te mandar.
-Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
-Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
-Vou ver Saturno e me lembrar de você.
-Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
-O tempo não existe.
-O tempo existe, sim, e devora.
-Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrar, porque terei esquecido. Alfazema?
-Alecrim. Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.
-E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.

(Silêncio)

-Mas não seria natural.
-Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
-Natural é encontrar. Natural é perder.
-Linhas paralelas se encontram no infinito.
-O infinito não acaba. O infinito é nunca.
-Ou sempre.

(Silêncio)

-Tudo isso é muito abstrato. Está tocando "Kiss, kiss, kiss". Por que você não me convida para dormirmos juntos.
-Você quer dormir comigo?
-Não.
-Porque não é preciso?
-Porque não é preciso.

(Silêncio)

-Me beija.
-Te beijo.

Foi a última pessoa que viu ao sair. Tão bonita que ele baixou os olhos, sem saber sabendo que ela também o tinha visto. Desceu pelo elevador, a chave do carro na mão. Rodou a chave entre os dedos, depois mordeu leve a ponta metálica, amarga. Os olhos fixos nos andares que passavam, sem prestar atenção nos outros que assoavam narizes ou pingavam colírios. Devagarinho, conquistou o espaço junto à porta. Os ruídos coados de festas e comandos da madrugada nos outros apartamentos, festas pelas frestas, riu sozinho. Ria sozinho quase sempre, um moço queimado de sol, com a barra branca das calças descosturadas, querendo controlar a própria loucura, discretamente infeliz.

Mordeu a unha junto com a chave, lembrando dela, uma moça magra de cabelos lisos junto à janela. Baixou outra vez os olhos, embora magro também. E suspirou soltando os ombros, pés inseguros comprimindo o piso instável do elevador. Só porque era sábado, porque estava indo embora, porque as malas restavam sem fazer e o telefone tocava sem parar. Sorriu olhando em volta.

Não que estivesse triste, só não compreendia o que estava sentindo.

Levemente, para não chamar a atenção de ninguém, apertou os dedos da mão direita na porta aberta do elevador e atravessou o saguão de lado, saindo para a rua. Apoiou-se no poste da esquina, o vento esvoaçando os cabelos, e para evitá-lo ele então levantou a cabeça e viu o céu. Um céu tão claro que não era o céu normal de Sampa, com uma lua quase cheia e Júpiter e Saturno muito próximos. Visto assim parecia não um moço vivendo, mas pintado num óleo de Gregório Gruber, tão nítido estava ressaltado contra o fundo da avenida, e assim estava, mas sem compreender, fazia tempo. Quem sabe porque não evidenciava nenhum risco, a moça debruçou-sena janela lá em cima e gritou alguma coisa que ele não chegou a ouvir. Parado longe dela, a moça visível apenas da cintura para cima parecia um fantoche de luva, manipulado por alguém escondido, o moço no poste agitando a cabeça, uma marionete de fios, manipulada por alguém escondido.

De repente um carro freou atrás dele, o rádio gritando "se Deus quiser, um dia acabo voando". Na cabeça dele soaram cinco tiros. De onde estava, não conseguiria ver os olhos da moça. De onde estava, a moça não conseguiria ver os olhos dele. Mas as memórias de cada um eram tantas que ela imediatamente entendeu e aceitou, desaparecendo da janela no exato instante em que ele atravessou a avenida sem olhar para trás.


Caio Fernando Abreu